terça-feira, julho 14, 2009

Sim. A casa era azul. E de dentro as janelas azuis recortadas por quatro quadrados guardavam memórias infantis. Lembro-me delas, sem precisar de olhar a foto que tens, inclinada na cómoda. Não fiz coisas que prometi, sem deixar de te amar. E talvez o que faço por ti hoje seja mais que uma promessa.
A casa era azul. E eu não tenho morada para te escrever. Uma carta ficou guardada no teu peito. Para sempre sobre a tua ferida. Todas as letras da existência hão-de estar nela, selada. Assim como estava a tua boca, aliviada do mundo. Quando as palavras se tornaram absolutamente abstractas.



Fotografia por Jorge Cruz